domingo, 25 de novembro de 2012

Vida transbordante de vida


καὶ πᾶς ὁ ζῶν καὶ πιστεύων εἰς ἐμὲ οὐ μὴ ἀποθάνῃ εἰς τὸν αἰῶνα
et omnis qui vivit et credit in me non morietur in aeternum
und jeder, der da lebt und an mich glaubt, wird nicht sterben in Ewigkeit.
Jo 11,26.

ἐγὼ εἰμι ἡ ὁδὸς καὶ ἡ ἀλήθεια καὶ ἡ ζωή
ego sum via et veritas et vita
Ich bin der Weg und die Wahrheit und das Leben
Jo 14,6

ἐγώ εἰμι τὸ φῶς τοῦ κόσμου· ὁ ἀκολουθῶν μοι / ἐμοὶ οὐ μὴ περιπατήσῃ ἐν τῇ σκοτίᾳ ἀλλ' ἕξει τὸ φῶς τῆς ζωῆς
ego sum lux mundi qui sequitur me non ambulabit in tenebris sed habebit lucem vitae
Ich bin das Licht der Welt; wer mir nachfolgt, wird nicht in der Finsternis wandeln, sondern wird das Licht des Lebens haben
Jo 8,12.

ἐγὼ ἦλθον ἵνα ζωὴν ἔχωσιν καὶ περισσὸν ἔχωσιν
ego veni ut vitam habeant et abundantius habeant
Ich bin gekommen, auf daß sie Leben haben und es in Überfluß haben.
Jo 10,10.

Sei

sábado, 17 de novembro de 2012

Coragem



Coragem. Coraticum, Cor Habeo. Ter coração, firmeza.

domingo, 11 de novembro de 2012

A história continua...


(Agradeço ao Fernando Zanetti)

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Simpicidade e Inteligência




















Einstein, em Princeton: 
- O que o senhor vai precisar em seu gabinete? 
- Papel e lápis! 
- Só isso, o senhor tem certeza de que não quer mais alguma coisa? 
- Pensando bem, um cesto de lixo...

Abaixo o inútil, acabemos com a vaidade, viva a inteligência... e sua simplicidade!

Não é citação fake. Colhi a historieta na biografia de Einstein. Os comentários são meus mesmo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Scylla, Charybdis, Odysseus


Scylla


Pensando alto? Cedo demais?


Pensando alto em transformar meus blogs Observatório da Justiça (justicaobservatorio.blogspot.com.br), Serena Sereia (sereiaserena.blogspot.com.br), Serendipity (serendipityhappiness.blogspot.com.br) e Tambores d'Africa (tamboresdafrica.blogspot.com.br) em um só.
Cada um deles concebi voltado a uma série diferente de reflexões, pensamentos, diálogos. Mas se a pessoa é (pretensamente) uma ("Eu sou trezentos..."), por que não apenas um diário, que apresente a insegurança e incompletude de vários eus - e issos, acimadissos (Ich, Es, Über-Ich)?
Pensando alto demais, antes da hora? Assumindo eus ou issos contr'acimadissos?
Alfredo Attié

sábado, 27 de outubro de 2012



Sereias


SIRE′NES or SEIRE′NES (Seirênes), mythical beings who were believed to have the power of enchanting and charming, by their song, any one who heard them. When Odysseus, in his wanderings through the Mediterranean, came near the island on the lovely beach of which the Sirens were sitting, and endeavouring to allure him and his companions, he, on the advice of Circe, stuffed the ears of his companions with wax, and tied himself to the mast of his vessel, until he was so far off that he could no longer hear their song (Hom. Od. xii. 39, &c., 166, &c.). According to Homer, the island of the Sirens was situated between Aeaea and the rock of Scylla, near the south-western coast of Italy. Homer says nothing of their number, but later writers mention both their names and number some state that they were two, Aglaopheme and Thelxiepeia (Eustath. ad Hom. p. 1709); and others, that there were three, Peisinoë, Aglaope, and Thelxiepeia (Tzetz. ad Lycoph. 712), or Parthenope, Ligeia, and Leucosia (Eustath. l. c. ; Strab. v. pp. 246, 252; Serv. ad Virg. Georg. iv. 562). They are called daughters of Phorcus (Plut. Sympos. ix. 14), of Achelous and Sterope (Apollod. i. 7. § 10), of Terpsichore (Apollon. Rhod. iv. 893), of Melpomene (Apollod. i. 3. § 4), of Calliope (Serv. ad Aen. v. 364), or of Gaea (Eurip. Hel. 168). Their place of abode is likewise different in the different traditions, for some place them on cape Pelorum others in the island of Anthemusa, and others again in the Sirenusian islands near Paestum, or in Capreae (Strab. i. p. 22; Eustath. ad Hom. p. 1709; Serv. l.c.). The Sirens are also connected with the legends about the Argonauts and the rape of Persephone. When the Argonauts, it is said. passed by the Sirens, the latter began to sing, but in vain, for Orpheus rivalled and surpassed them ; and as it had been decreed that they should live only till some one hearing their song should pass by unmoved, they threw themselves into the sea, and were metamorphosed into rocks. Some writers connected the self-destruction of the Sirens with the story of Orpheus and the Argonauts, and others With that of Odysseus (Strab. v. p. 252; Orph. Arg. 1284; Apollod. i. 9. § 25; Hygin. Fab. 141). Late poets represent them as provided with wings, which they are said to have received at their own request, in order to be able to search after Persephone (Ov. Met. v. 552), or as a punishment from Demeter for not having assisted Persephone (Hygin. l. c.), or from Aphrodite, because they wished to remain virgins (Eustath. l. c. ; Aelian, H. A. xvii. 23; Apollon. Rhod. iv. 896). Once, however, they allowed themselves to be prevailed upon by Hera to enter into a contest with the Muses, and being defeated, they were deprived of their wings (Paus. ix. 34. § 2; Eustath. ad Hom. p. 85). There was a temple of the Sirens near Surrentum, and the tomb of Parthenope was believed to be near Neapolis. (Strab. i. p. 23, v. p. 246.)
Achelo′is. A surname of the Sirens, the daughters of Achelous and a muse. (Ov. Met. v. 552, xiv. 87; Apollod. i. 7. § 10.)
Ligeia or Ligea (Ligeia), (Ligeia), i. e. the shrill sounding, occurs as the name of a seiren and of a nymph. (Eustath. ad Hom. p. 1709; Virg. Georg. iv. 336.)
Parthe′nope (Parthenopê). One of the Seirens (Schol. ad Hom. Od. xii. 39; Aristot. Mir. Ausc. 103.) At Naples her tomb was shown, and a torch race was held every year in her honour. (Strab. v. p. 246; Tzetz. ad Lyc. 732.)
Source: Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Sobre Luiza Erundina, em 2009.

Sobre a Deputada Federal Luiza Erundina, em novembro de 2009, escrevi pequeno depoimento, que Frederico Vasconcellos publicou:
"11/11/2009

Depoimento de magistrado sobre Luiza Erundina

De Alfredo Attié Jr
Sobre a iniciativa de auxílio à ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina (PSB), condenada a pagar R$ 353 mil para a Prefeitura, pela publicação, em sua gestão, de anúncio que tratava do apoio à greve geral dos transportes, em março de 1989:
Deparei-me com a noticia da condenação e da atuação de amigos e populares, para auxiliar a Prefeita Erundina. Tendo sido Prefeita de São Paulo, Ministra e Deputada, seu patrimônio se resume, aos 74 anos, a um apartamento e dois automóveis.
Permito-me comentar, brevemente a iniciativa, que considero correta.
Ainda criança, compareci à cerimônia de homenagem a meu pai, que se aposentava da cadeira de psicologia social, quando presenciei o belo discurso que a então professora Erundina fez em sua homenagem. Já se destacava como política engajada e comprometida com as causas sociais.
Política honesta e digna, venceu a eleição em São Paulo, nos primórdios da história política do PT, quando amealhou aos quadros da Administração paulistana intelectuais de altíssima capacidade, como foi o caso da professora Marilena Chauí, a par de jovens militantes, que depois vieram a abrilhantar a história de conquistas do mesmo Partido dos Trabalhadores ou a advocacia brasileira. Muitos deles meus queridos ex-alunos da FDUSP, da cadeira de Filosofia e Filosofia do Direito, na qual lecionava, como assistente do Prof. Aloysio F. Pereira.
Teve uma breve e ótima gestão, voltada para a recuperação da cidade e para a construção de programas sérios de política pública e justiça social.
O auxílio a Luiza Erundina é correto, tendo em vista suas qualidades pessoais. Ainda mais, servirá como um exemplo à sociedade: há pessoas corretas e bons modelos na política, independentemente de ideários, homens e mulheres admiráveis!
(*) Magistrado, Doutor em Filosofia da Universidade de São Paulo, Mestre em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela FD.USP, cursa o MCL da CSL, realizou estudos, pesquisas, publicou artigos e apresentou comunicações no Brasil e no Exterior (Argentina, EUA, México, Inglaterra, Alemanha, França, Portugal). Foi Advogado e Procurador do Estado de São Paulo.
Escrito por Fred às 17h37"
In http://blogdofred.folha.blog.uol.com.br/arch2009-11-08_2009-11-14.html

segunda-feira, 11 de junho de 2012

" Deixem o desgraçado em paz, peço-lhes"




Essa, acho eu, vale muito a pena. Por isso ecrevo a introdução.
Pela a mizade, que só a amizade permite que você suporte e elogie os idiotismos chatos de um amigo erudito.
Mas vale pelo sofrimento engraçado que as palavras carregam consigo. Uma luta que vivia e faz rir, mesmo quando se chora a perda de alguém.
Quando a gente lembra da morte, é perigoso, pois está cansado de comemorar a vida. Comemorar a vida é um pouco cínico, um pouco cético, um tanto enigmático. Na morte não se passa rasteira. Não se tem chance, nem luta verdadeira contra quem sabe ser paciente, esperar. E anda com sua cadernetinha bem organizada, com o segundo certo de bater à sua porta e nhac... foi-se sem nem ver.

A seguir a crônica "Palavras, palavras, palavras", de 21 de maio de 2012, de Ivan Lessa, na BBC Brasil:

"Um amigo erudito, que ocasionalmente vem visitar meu enfisema, como não tem fundos para flores ou presentes, me traz o prazer de sua presença e um papo – monólogo ou preleção, a bem dizer – sobre seu assunto favorito: vida, paixão e morte das palavras.
Sabe que eu tenho o mesmo gosto por elas que ele, embora indigno de beijar seus pés incalustres (obsoleto, português do Brasil: livre de calos). Sempre que posso tomo nota depois de pedir a devida vênia (outro termo nosso em vias de extinção) e fico por uns dias pesquisando e, que me resta?, meditando.
Meu amigo, que ensina inglês para emigrantes lusos e brasileiros recém-chegados à Grã-Bretanha (pois é, nem todo mundo está indo embora), gosta de se dizer poliglota, embora mais de uma vez tenha me explicado, e eu sempre esquecendo, a contradição existente na confecção do termo formado por poli + glota.
"Trata-se de um idiotismo lusitano seiscentista", já me explicou e, tamanha sua verve formal e presença avassaladora, que eu já me esqueci. Em matéria de idiotismos minha cota já se esgotou.
Cá está diante de mim, no entanto, a lição-visita que ele me fez ainda agora, em meados de maio. Fiquei sabendo, pois ele gosta de formar frases com suas redolências léxicas, que – e os não iniciados que se segurem – eu tenho o costume de ouvir música em microfones backpfeifengesicht.
E que o mero pousar de meus olhos num bakkushan poderá, ou não, em mim despertar sentimentos de forselsket, o que, no caso, seria melhor eu evitar ter que recorrer a um desenrascanço. Neste caso, o melhor seria evitar um litost de forma a que outras pessoas no vagão não passem a sentir uma pena ajena de mim.
Ganha um doce quem pegar uma que seja das palavras ou de que trata a longa sentença, que mais parece injeção letal. No parágrafo acima estão enfileiradas palavras em equivalente, preciso ou não, em inglês de alemão, japonês, filipino, português, tcheco e espanhol-mexicano.
Meu amigo, figura sem par, insiste que o referido parágrafo, descodificado por mestres como ele (duvido que haja plural; meu amigo é único), quer dizer, mais ou menos, em rude tradução, o seguinte: "A desagradável pessoa tem uma cara que você gostaria de esmurrar enquanto uma jovem japonesa, melhor vista de costas, inspira uma sensação de euforia quando você se apaixonar pela primeira vez".
Se ele disse é porque é. Não creio que eu vá ter muitas oportunidades de empregá-la. Na verdade, não creio que vá ter uma única oportunidade. Tudo bem. Já me conformei a coisas piores, pelo que peço taarradhin, palavra arábica que significa uma solução satisfatória a todos os envolvidos numa questão.
Mas eu tenho minha forma de apoquentá-lo. Como o dileto (Dileto não é seu verdadeiro nome) se encontra fora do país natal, que é o mesmo meu, gosto de atazaná-lo, ou melhor, espicaçar sua mente viva, com os neologismos que pesco aqui e ali nas águas bravias do mare nostrum cibernético.
Já o pus frente a frente com brasileirismos atuais que o deixaram rubro de vergonha ou ódio, pois ele é difícil de distinguir quando se queima. Taquei-lhe brasileirismos atuais como bullying, point, fashion week, os irmãos Loxas e Lunda e vi-o deixar minha casa falando sozinho entredentes, como se tivesse sido assaltado pelo mundo.
Quebrei a cara uma ou duas vezes, o que era de se esperar: embora da mesma geração minha, matou de estalo balacobaco, e, em português luso, salta-pocinhas e baitola.
De certa feita, fui contra as regras do jogo e deixei-o zonzo por desconhecer o significado de biringaço, que, após revelar-me sua total ignorância, danou-se quando eu expliquei tratar-se de lusitanismo obsoleto significando, nas altas camadas sociais do século 17, uma espécie de guarda-costas alugado a preços de arrasar.
Palavras. Há nelas, embutida, uma tremenda luta corporal. Urge dela participar, mesmo passando rasteira (regionalismo, Brasil)."

Nascimento se comemora, Morte se rememora...


Acho eu que foi uma das penúltimas, pois bom ensaista, cronista, frasista, escritor assim, não é a simples morte que vai impedir de continuar escrevendo. Engraçado ele citar o Millôr, que também foi e continua a escrever, para o deleite de poucos ou tantos (não sei se a morte melhora o gosto sequer o espírito dos humanos. Como é semana de meu aniversário, lembro, sempre, o início e o fim, não sei qual é qual, se o nascimento, que se comemora, ou a morte que sempre se aproxima.
Escrevi essa introduçãozinha para citar a crônica de Ivan Lessa, que passou durante o feriado, em que não li os jornais, nem vi a internet. Muita gente lamentou, mas ele brincou e não lamentou. Porque, acho eu, o destino não se lamenta. E a morte é o único destino, pois não pode ser mudada. O resto você muda. Exemplo disso sou eu, em processo, mas que dou uma paradinha pra comemorar, sempre do jeito mais infantil possível, o aniversário, na quinta-feira. Zombar da morte não é comigo.
Aí vai a crônica de Ivan Lessa, com frases ótimas, ao final... final?

"Orlando Porto. Taí um nome como outro qualquer. Podia ser corretor de imóveis, deputado, ministro, farmacêutico. Mas não é. Trata-se de um anagrama de um escritor francês - e ator e ilustrador bom e autor e figurinha difícil francesa e aquilo que se poderia chamar de "frasista". Feio como um demônio, no meio da década de 50 cansei de dar com ele dando comigo lá pelo Boulevard St. Germain, xeretando o Flore, o Lipp, fazia uma cara que quem ia dizer algo importante e logo sumia na companhia do Jean-Pierre Léaud, aquele maluquinho dos filmes autobiográficos do Truffaut. Dupla estranha. Os desenhos do -esse seu nome, artístico ou de batismo, Roland Topor- eram bacaninhas. Mas sempre foi Orlando Porto para mim. Fez cinema também. O Inquilino do Polanski, o Reinfeld de Nosferatu, do Werner Herzog. Até que bateu o que ocultava seus pés: umas botas estranhas como ele. De vez em quando, numa revista esotérica, dou com ele. Ei-lo numa em inglês com "100 boas frases para eu matar agorinha mesmo". Se chegou ao fim, e chegou, foi pelo cachê. Meros galicismos literários. E aí trago à cena, mais uma vez, porque cismei, mestre Millôr Fernandes. Esse era profissional. Nada a ver com "frasista". Trabalhava com a enxada dura da língua. Nunca para dar a cara no Flore, principalmente com Topor e Léaud. Reli umas 100 frases do Orlando, ou Topor, e não resisti à tentação de, em algumas delas dar-lhes uma ginga por cima e outra por baixo, à maneira do frescobol querido do mestre, só para exercitar os músculos muito fora de forma. Cem razões: Faço por bem menos, mas mais Copacabana e Leblon. Algumas raquetadas minhas em homenagem ao mestre cuja falta continuo sentindo: - Melhor maneira de verificar, antes, se já não estou morto. - Mas não se mata cavalos e malfeitores? - Pelo menos eu driblaria o câncer. - Milênio algum jamais me assustará. - Apanhei-te horóscopo! Pura enganação! - Levo comigo a reputação de meu terapeuta. - Pronto, agora não voto mais mesmo! Chegou! - Aí está: uma cura definitiva para a calvície. - Enfim cavaleiro do reino de sei lá o quê. - A vida está pelos olhos da cara. Pra morte eles fazem um precinho especial, combinado? - Enfim, ano bissexto nunca mais. Esses ficam para o Jaguar. O resto pro Ziraldo. - Ao menos é uma boca de menos a sustentar. - Só quero ver quanta gente vai sincera no meu funeral. - Pronto! Inaugurei estilo novo: Arte Morta. - Sabe que minha vida não daria um filme. O livro eu já escrevi. Deixem o desgraçado em paz, peço-lhes. - Custou, mas estou acima de qualquer lei que vocês bolarem aí. - Levou tempo, mas cortei enfim meu cordão umbilical. - Roncar, nunca mais. Nem eu nem ninguém ao meu lado. - Que desperdício nunca ter fumado em minha vida! - Consegui preservar o mistério sempre girando em meu torno. - Maioria silenciosa? Essa agora é comigo. - Na verdade, nunca me senti à vontade nessa posição incômoda de cidadão do mundo. - Ei, juventude, pode vir que pelo menos uma vaga está aberta. - Emagrecer é isso aqui. - Agora é conferir se, do outro lado, sobraram tantas virgens assim. E assim, cada vez que um"frasista" passar por perto de mim, leve uma nossa: minha e de Millôr. Dois contra um a gente ganha mole.”

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Manchete falsa: Política Pública e Xuxa


Se um aluno de redação, no ensino fundamental, cometesse um erro desse tipo, que nota teria?
A chamada, em primeira página do site UOL    (Denúncias a violação de direitos crescem 30% com campanha do governo e depoimento de Xuxa) , diz que o aumento das chamadas teria como causa o depoimento prestado por Xuxa, em programa dominical da rede Globo.
O texto, porém, desmente tal fato, ao dizer que o aumento estaria relacionado a outras causas.
Triste a imprensa que faz isso, como meio de obter leitores, desinformando.
Se você setá apressad/ao ou não gosta de ler e se contenta com a manchete... pronto, vai debater até a norte por uma causa inexistente.
Digo isso para que fique claro que os males passados de alguém nao se redimem com depoimento de vítima. Não que o depoimento não seja importante, porque é e muito, numa sociedade que vive a violência a tal ponto que passa a considerá-la normal, coisa do destino. Extremamente importante, quando as vítimas são as crianças, jovens, adolescentes, dentro e fora de suas casas, que deveriam ser abrigo e não lugar de abusos e medo, cabendo a todos e também ao Estado preservar a vida e a dignidade dessas crianças, jovens e adolescentes.
Digo isso contra as autoridades que desejam ganhar seu bocadinho de fama e votos em cima do depoimento de apresentadora de programas infantis.
Programas que sempre foram nocivos - existe até tese sobre isso - que vendiam produtos, sem qualquer etica, buscando fazer de criancas consumidroes precoces. Houve até ação judicial a respeito de um tênis, se nao me falha a memória. Programas que vendiam a sexualização precoce, aliás.
Artistas sâo apenas artistas e, no mais, pessoas idênticas a todas as outras, com eros e acertos.
A Secretaria aparece e quer usar a imagem, apropriar-se dela, como se política pública pudesse ser substituída por caso ou depoimento fortuitos, assim como havia feito em episódio lamentável do lamentável BBB.
Os congressistas aparecem e querem convocar para o mesmo depoimento feito em horário de alta audiência, em domingo.
O que eles querem: que o/a artista cumpra o papel do Estado, que sensibilize as autoriddes que são eles mesmos?
Que indique o número de telefone?
Que diga que fazer o mal é mal e que as pessoas devem denunciar?
Para tudo isso, mais educação e menos propagandas de artistas, cuja vida é a aparência e o que rende a aparência.
Temos, por outro lado, gente de valor entre os artistas, assim como há gente de valor, no meio da multidão.
Podemos valorizar uns e outros, sem que nos tornemos dependentes da publicidade e do que se publica.
A autonomia traz a verdadeira segurança para reagir ao ato de violência, para proteger contra quem a exerce, para denunciar e cobrar e fiscalizar pela tomada de providências sérias e para a proteção adequada.

Recomendo também  a leitura de Marcelo Stycer: depoimento de xuxa transforma espectador em psicologo

sábado, 19 de maio de 2012

Ditadura, democracia e verdade



Carta Maior DEBATE ABERTO 
Qual é a pauta da luta pela verdade sobre a ditadura?
por Edson Teles Professor de Filosofia Política na Universidade Federal de São Paulo Unifesp

"A discussão a ser pautada pelos movimentos sociais, não é exclusivamente sobre o mérito dos membros da Comissão Nacional da Verdade, mas sobre quais as perguntas que tal comissão fará em seu funcionamento e quais respostas ela dará aos anseios de uma democracia por vir.
Data: 16/05/2012
No último dia 10 de maio, após cerca de seis meses de sua aprovação no Congresso, finalmente a Presidente Dilma Roussef nomeou os sete membros da Comissão Nacional da Verdade. De acordo com a Lei que institui a Comissão, estes conselheiros terão por tarefa “efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional”, examinando e esclarecendo “as graves violações de direitos humanos praticadas” no período entre 1946 e 1988. Dois movimentos, por vezes contraditórios e em outros momentos confluentes, se evidenciam sob o foco deste acontecimento.
O primeiro ocorre sob o impacto da nomeação na grande mídia e se refere à qualidade dos sete indicados. Assim, uma maioria de opiniões elogiou os nomes designados, ora ponderando sobre o histórico de boa parte, ora enaltecendo a ausência de representantes do “outro lado”. De certo modo, a pauta da grande mídia em torno dos nomes mostra a ação do Estado brasileiro, em especial do Executivo, em seu esforço de governo para alcançar uma composição com o máximo consenso político possível.
Este primeiro percurso nos permite refletir sobre duas lógicas da estrutura do Estado Democrático de Direito que, no Brasil, se instalam especialmente a partir da Constituição de 1988. Por um lado a que consiste na oposição entre o legal e o ilegal por meio da criação das leis e da punição ao ilícito. Esta divisão entre o permitido e o proibido é tão antiga quanto o Estado Moderno, porém com sua legitimidade deteriorada diante de regimes autoritários, como foi o caso da ditadura militar, ganha nova relevância com a democratização. Os estados de direito se organizam justamente sobre a normatização das práticas sociais e, deste modo, instituem os direitos, as leis e regulam as sociabilidades por meio do ordenamento jurídico.
Uma segunda lógica das democracias contemporâneas é a do governo. Nelas há toda uma série de relações de forças em conflito que não podem ser reguladas pelo direito. O ordenamento jurídico inclui em suas letras o que pode ser observado em sua regularidade e repetição. Mas há algo que escapa às séries regulares: a política. Não podemos prever o resultado das relações de forças, mobilizações de opinião pública, vulneráveis aos acontecimentos aleatórios e modificáveis pelas constantes alterações na capacidade de luta dos envolvidos. E, justamente, o modo com que o Estado de Direito lida com o não regular é através de um cálculo de governo. Nesta lógica do governo, o estabelecimento da oposição entre o legal e o ilegal não é suficientemente sustentada. A governabilidade necessita realizar a conta do que é mais ou menos provável, compondo com as forças mais poderosas e fixando uma média considerada possível, além da qual quase nada será permitido. A política do possível cria um consenso que, de modo geral, bloqueia os restos resultantes do cálculo. Parece-nos esta a conta do Executivo ao nomear a Comissão Nacional da Verdade: ir até um ponto tal em que as forças aliadas não ameacem a governabilidade.
Constata-se, por outro lado, um movimento dissonante e que nos permite compreender além do possível previsto na governabilidade proposta pela política de memória do Estado. Este outro aspecto nos lança o olhar sobre os movimentos sociais, cuja mobilização apresenta uma pauta substancialmente diferente, ainda que com algumas confluências com a do Estado e da grande mídia. Estes movimentos concordam com o Estado na criação da Comissão da Verdade. Porém, se observarmos as ações de escracho aos torturadores e médicos legistas da ditadura, ou as manifestações públicas pela criação de lugares de memória, há uma questão conflituosa com a pauta do Estado: a punição dos responsáveis pelas graves violações de direitos humanos durante a ditadura.
Neste contexto, os restos do cálculo de governo são os movimentos sociais, sejam os de familiares e de vítimas diretas do período ditatorial, sejam os dos jovens, muitas vezes articulados com partidos e entidades representativas, em torno do escracho e da denúncia dos crimes. No cálculo da política do Estado os restos são computados, mas possuem um valor diferenciado, ora sendo importante para legitimar as ações propostas, mas, por outras vezes, especialmente na hora de decidir, são relegados ao segundo plano.
Contudo, se a política do possível tem o limite do acordo de governabilidade, para os movimentos sociais surge como pauta da Comissão a conquista dos atos de justiça e de transformação social e política do país. Digno de nota é que são os movimentos os defensores da aplicação da lei, em conflito com uma leitura favorável ao consenso imposto, como o fez o STF, ao fundamentar a impunidade em um “acordo” construído na ditadura.
Ainda que trabalhando dentro da lógica do legal e do ilegal (ou do justo e do injusto), a grande força dos movimentos em luta é seguramente o aspecto político, aquele que não pôde ser capturado pelas leis. O momento é de entrar no cálculo para propor outra conta na qual a posição dos familiares, dos grupos “tortura nunca mais” e dos novos movimentos de jovens pelo fim da impunidade não sejam considerados restos. Neste sentido, o discurso e a ação dos movimentos sociais podem problematizar questões fundamentais para um efetivo trabalho de apuração da verdade.
Em primeiro lugar, é preciso ter em conta os limites inscritos na própria constituição da Comissão, independente do mérito de seus membros. A Comissão Nacional da Verdade, como nos diz a lei, é uma instituição de governo, carente de autonomia estrutural de funcionamento e dependente do “suporte técnico, administrativo e financeiro” da Casa Civil (artigo 10º).
Soma-se a isto, para nos atermos aqui aos problemas relacionados à letra da lei, a “promoção da reconciliação nacional”. Nada mais anacrônico do que esta ideia. Passados cerca de 25 anos do fim da ditadura, qual seria o conflito a ser conciliado pelos trabalhos da Comissão? Ou será que os militares não se submeteram aos procedimentos legais e democráticos? Ora, se este ainda é um problema a ser reconciliado, é óbvio que a Comissão não poderá se ater aos direitos à memória e à verdade, mas deve ir além disto (que parece ser o possível nos cálculos de governo) e promover uma reforma das instituições, cujo regramento ainda encontra-se pleno da herança do período ditatorial.
Bom exemplo de uma ação política que ultrapassa os limites da apuração histórica é o movimento “Fórum Aberto pela Democratização da USP”, o qual propõe a criação de uma comissão da verdade na instituição visando, além do acesso à memória e à verdade, a reforma do Estatuto da USP, cujo regime disciplinar data de 1972 e está pleno de elementos autoritários.
Quem sabe os trabalhos da Comissão da Verdade não leve à conclusão pela reforma das relações entre civis e militares, da estrutura das Forças Armadas e das várias leis de caráter autoritário (por exemplo, a Lei de Segurança Nacional vigente, com certo verniz democrático, mas com última modificação datada ainda do fim da ditadura, em 1983).
Em segundo lugar, para um trabalho produtivo, é preciso a contribuição da sociedade aos questionamentos da Comissão. Isto é, um trabalho de busca da verdade organiza-se em torno de algumas perguntas. Desta forma, funcionaram as principais experiências de comissões da verdade no mundo. Na CONADEP (Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas, 1983), na Argentina, a questão era onde estavam os desaparecidos. Na Comissão de Reconciliação e Verdade (1996), na África do Sul, a pergunta central era sobre que país poderia surgir do processo de transição.
No Brasil, uma das questões a ser feita refere-se diretamente ao processo de elaboração e aprovação da Lei de Anistia de 1979. Alegam o STF e alguns outros que naquele ano ocorreu um grande acordo nacional em torno da anistia recíproca, válida para os perseguidos políticos da ditadura e, também para torturadores e assassinos. É salutar relembrar que na época, o Congresso Nacional era formado, em boa parte, por parlamentares “biônicos” (nomeados pela ditadura, sem a legitimação do voto popular). Poucos meses antes, vários políticos haviam sido cassados. Em 1977, o Congresso foi fechado e a lei eleitoral e de direitos políticos modificadas por decreto do presidente general de plantão. A censura vigorava, pessoas estavam desaparecidas ou banidas do país e a tortura era a política de governo para os opositores. Como pode, hoje, o STF declarar a legitimidade do acordo? Poderia a Comissão Nacional da Verdade apurar em que condições se encontrava o país e esclarecer ao STF e à sociedade a impossibilidade do acordo alegado, criando as condições para que reinterpretemos a Lei da Anistia sob a luz do esclarecimento histórico.
Outra pergunta que seria interessante a Comissão fazer é se há desaparecidos políticos no país. E não só do ponto de vista prático (ninguém melhor do que os movimentos de familiares sabem que os corpos de seus entes continuam sem sepultura). Mas do ponto de vista jurídico também. Recentemente, em decisão da Justiça Federal sobre o pedido de abertura de processo contra o coronel Sebastião Curió, pelos desaparecimentos de opositores no Araguaia, alegou-se a evidência de que eles já estão mortos e, inclusive, receberam atestado de óbito do Estado, a partir de 1995. Entretanto, estes atestados foram um ato administrativo visando permitir a continuidade da vida de familiares, e do ponto de vista civil. Não foram atos de justiça, muito menos suspensão do crime de sequestro continuado que configura a cena de um corpo desaparecido. Se a Comissão reconhece o crime em andamento no país, então a pergunta que se segue é: quem mantém, via ocultação de arquivos e informações, a condição destes brasileiros desaparecidos?
O atual processo de construção da Comissão Nacional da Verdade pode ser altamente positivo. Já tivemos alguns exemplos de comissões que ultrapassaram seus limites institucionais devido ao impacto político da verdade por elas apurada. Tivemos também outras em que o limite da lei foi a mordaça suficiente para que a memória reconstruída fosse a de que o crime de Estado pode permanecer impune. Sabemos que a lei que institui a Comissão não visa à punição dos responsáveis, mas não há nada nela que a impeça de apontar os fatos e seus autores. E mais: evidenciar aquilo que herdamos da ditadura e que a democracia naturalizou sob o manto dos acordos da política do possível.
Não nos parece revanchismo, como sugere o conselheiro recém-empossado Gilson Dipp, propor que se apliquem as leis do Estado de Direito e que os acordos e tratados do direito internacional sejam respeitados. Refiro-me à condenação do Estado brasileiro em foro interno, levado a cabo em 2006 pela juíza federal Solange Salgado. Sentença esta que, por falta de execução, levou à condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA.
Enfim, a discussão a ser pautada pelos movimentos sociais, não é exclusivamente sobre o mérito dos membros da Comissão Nacional da Verdade, mas sobre quais as perguntas que tal comissão fará em seu funcionamento e quais respostas ela dará aos anseios de uma democracia por vir."

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Desrazao de Estado: memoria e desmemoria


Uma cerimonia digna e equilibrada, na instalação, afinal, da Comissão da Verdade, cujo objetivo, tão simples e imprescindível no caminho democrático de qualquer Estado (ou Pais), e' a recuperação e a reparação dos males causados por seus agentes (funcionários ou servidores públicos), no exercício de suas funções, transgredindo direitos humanos reconhecidos pela comunidade internacional, em que se deseja inserir o Brasil, bem como recuperar os atos e as razoes de todos os que violaram direitos humanos, durante o período da ditadura, pós-golpe de 1964, ate a abertura política e a anistia estabelecida mais como compromisso do que como perdão.

Desejou-se fazer dela uma cerimonia de Estado, pelo que foram convidados ex-Presidentes, da era da abertura (o ex-Presidente Sarney,  escolhido -  não pelo voto popular, mas pelo Colégio Eleitoral estabelecido ainda no regime militar -, como modo de compromisso com tal regime, Vice-Presidente - depois assumindo a Presidência, em razão do falecimento de Tancredo Neves)  e  os eleitos pelo voto popular e universal, Fernando Collor, hoje Senador por Alagoas, que sofreu impeachment, Fernando Henrique e Lula da Silva.

Se ja' era significativa a eleição de um ex-Presidente, que foi condenado, em processo de impeachment, ao Senado, mais ainda o convite para a cerimonia.

O convite e a presença consagram, paradoxalmente, o esquecimento, que caracteriza a vida politico-social brasileira, coroando a iniciativa do outro ex-Presidente  -  hoje ainda na vida publica, e em cargo longe de ser irrelevante, de Senador e Presidente do Senado -  de retirar da historia do Senado (exposta, em simbolismo deveras marcante, em um túnel) o episodio do impeachment.

Isto tudo esta' a demonstrar que o impeachment foi, de fato, um acidente (como, alias, definiu-o o proprio Senador Sarney), na historia politica brasileira. Um acidente que nao gerou mudança imediata, que nao significou, de fato, a retomada das rédeas da política pelo povo. Povo que ainda nao se constituiu plenamente, em face do longo período de opressão e desigualdade, de desprezo pela educação e pela transformação social e cultural, que e' nossa historia predominante.

Ainda permanecem os compromissos com o passado de sujeição social, um pouco disfarçados por um ou outro ato de demagogia (de adulação bifronte: um pouco 'a opinião publica mal formada brasileira, um pouco aos tradicionais donos do poder): a covardia, que se disfarça, no dia a dia, em braveza, em dedo em riste (que ameaça os mais fracos e que adverte os adversários, para que se faca um pacto de não se incomodar, em protecção reciproca - não me incomode nos temas mais sensíveis e importantes, que eu também não o incomodarei; proteja-me no que e' relevante, que eu retribuirei do mesmo modo).

Um ou outro gesto: publicidade para todos (os servidores públicos do executivo federal), menos abertura de sigilo (CPI em curso) dos poderosos, sejam governadores de um e outro lado, sejam dirigentes de empresas, sejam contratos, sejam empresas poderosas ou úteis ou aliadas (de um e outro lado).

Mas, de forma geral, muitos anúncios, no futuro do indicativo, muitas vontades, no imperativo.

A recuperação da memoria das atrocidades contra a vida e a segurança da sociedade contrasta com o perdão concedido unilateral e despoticamente. Em nome de uma conciliação, uma transação cujos termos nunca são explicitados, nunca são revelados.

A lei de acesso 'a informação surge tardiamente, após criticas severas a uma tentativa de perpetuar o sigilo e o segredo (defendidos pelos próprios ex-Presdientes citados, alem de partidos que participam da coalizão governamental), mas sem meios, sempre como promessa, o futuro do indicativo, que sempre se transforma em futuro do pretérito, em nosso Pais.

A democracia, no Brasil, ainda esta' temperada pelo despotismo.

Ate' quando? Ate' que a memoria prevaleça sobre o esquecimento. Desafio para todos.

Não se foge da memória



Após a celebração, mãos 'a obra.

Um belo texto de Ignacio de Loyola Brandão: O passado vem nos buscar onde quer que a gente esteja.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

domingo, 6 de maio de 2012

O poema mais curto em língua inglesa


Aqui, passagem do documentário sobre a luta de Ali, e o pedido dos estudantes de Harvard e a composição do brevissimo poema: "Me, we". Pois entao, what a man!

Me we.

O Adieu (Abschied) de Sarkozy


Nicholas se despede de Angela, na brincadeira do Frankfurter Allgemeine.

A serio, a Alemanha, para tristeza de Merkel, ja' da' como terminada a eleição e eleito Hollande.

Por que deveríamos acreditar em outro resultado?

Adieu, Sarkozy!

PERIGEU



 De quando em quando, se não é a literatura, a poesia, que nos oferece uma palavra para refletir, uma fonte nova de emoção e admiração, será a ciência. A ciência que está mais próxima, porque nos fascina, porque mais distante de nós. E isso será toda ciência, que fez questão de se afastar da comunidade dos humanos e se esqueceu deles. Quando retorna aos humanos, cobra por isso.

Perigeu (de perígeios,os,on 'que está em torno da terra', de peri- 'em torno de' e gê,ês 'terra'). Faz nos lembrar da Terra e do estranho estar "em torno de".   Não sabemos o que significa estar em torno de. peri.
Copernicanos ao contrário, copernicanos de ponta cabeça, achamos que tudo está em torno de nós mesmos. Vaidade, egoismo, egocentrismo. O mundo gira em torno de nos mesmos.
Quem cometeu esse equívoco, esse erro grosseiro, em primeiro lugar, foi um filósofo (escrevi sobre isso há muito tempo- na dissertação Sobre a Alteridade (1987), depois Recontrução do Direito (2003)), chamado Kant. Na Crítica da Razão Pura, ele chama a sua filosofia (pretensioso e egocêntrico) de "revolução copernicana", por unir ideal e real e fazer as categorias do sujeito desenharem as coisas, que giram em torno dele.
Ao contrário de Copérnico, que feriu o orgulho do pretensioso homem ocidental, que se formava, dizendo que seu mundo era apenas um mundo entre outros, que girava em torno de uma estrela, em torno de outro, que não si mesmo. E Copérnico era modesto, porque sua formulação (condenada pelo protestantismo, mas não pelo catolicismo) era apenas uma hipótese matemática, que so depois foi confirmada. Confirmada, em boa parte, por causa dos estudos de outro cientista, Galileu, este sim condenado pelo catolicismo.

E Perigeu diz apenas isso: algo gira em torno da Terra e maravilha os humanos, além de lhes impor a complexidade das marés. A única coisa que gira em torno dos humanos os domina: a mente, a imaginação, a poesia,e lhes determina a ciência. A tirania da Lua sobre a Terra e os Oceanos.

O contrário de Perigeu é Apogeu (apógeios,os,on, 'que é distante, afastado da Terra', de ap(ó)- e gáios ou geîos 'da terra', der. de 'terra'). Quando a Lua se afasta, alcança seu clímax.
Isto me lembra que, ao nos afastarmos de nós mesmos, alc ançamos também nosso apogeu, auge que vence egoismo, vaidade e nos faz sermos com os outros, girarmos em torno de, em vez de nos sentirmos circundados, amarrados.

O maior esportista do boxe de todos os tempos notabilizava-se exatamente por girar em torno de, e não por ficar parado no centro, sendo enredado. Saltava, permitia-se atingir pelos golpes do oponente, até cansá-lo e dar o golpe fatal, oferecendo-se aos gritos da platéia: "Ali, Ali"! "Ali bumaye"!



Compondo, de improviso, diante de estudantes que lhe pediam um poema, Ali gritou: "Me, we", o menor poema em lingua inglesa, que fala nao da dissolução de mim em nos, mas da união de todos nos, desde mim.

Ali, que fugiu de si, abandonando seu nome de batismo - na epoca assimilado 'a dominação - e assumiu um nome novo para si mesmo, tornando-se outro, perseguindo a outro, prosseguindo a fuga do mesmo.

E me flagro, uma vez mais, fugindo de mim mesmo, ao buscar tomar as rédeas de meu destino, que e' ser sempre outro, sem me fixar em nenhum ponto de parada, de paragem, de estabilidade e segurança. Buscando novas faces, novas facetas, novas esperanças.

Abandonando cada auge e antauge. Entre apogeu e perigeu. Num distanciamento cada vez maior do ponto inicial - que nao marca qualquer destino certo. Desenvolvimento, desenlace, desatinação, destinação...

Sempre em torno de, bailando peri, perigo, peregrinação. Acolhendo, dolorosamente, todos os golpes, todo sofrimento. 

Ate' o golpe final... knockout! Ali, Ali!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

As cores cariocas e o cinza paulistano. Cronica sem pretensão.



A vantagem da alegria do carioca em relação ao paulista e ao paulistano vem das cores.
Compare: o time mais popular de SP e' o monotono preto e branco;  o carioca, rubro-negro. O tricolor paulista e'  o burocratico vermelho, preto e branco; o carioca, o empolgante verde, branco e grena'. Todos os times cariocas sao praianos, coloridos vibrantes, como os prazeres, os pecados e pecadilhos; o unico time praiano paulista chama-se santos. Seu concorrente, da epoca de ouro do futebol, também era branco e preto, como as imagens que guardam a magica de seus idolos Pele' e Garrincha, mas tinha como simbolo uma estrela e nao aquele escudo de barras, listradinho, lembrando uma prisao. Alem disso, era bota-fogo... A unica excecao na comparacao sao os times das colonias portuguesas. Em SP, o time e' colorido, no Rio, monotonia e ar de quem esta' sempre chegando 'as praias de caravelas, peito estufado, como a querer acabar com as alegrias selvagens aborigenes. Enfim, o time que faria a síntese de todas as colonias italianas, em SP, em vez de exuberancia de cores das regioes e cidades da peninsula, resume-se ao verde e branco. Em SP, os hinos parecem mesmo feitos para a parada militar; no Rio, Lamartine Babo compos as marchas-ranchos, com o coracao, cor do pavilhao de seu time do coracao, pelo qual torcer, torcer, torcer ate' morrer, morrer, morrer era um hino de alegria verdadeiro.
Falo sem preconceito, pois sou torcedor tricolor, aqui e no Rio. Fluminense como Nelson Rodrigues, que so' conto os gols de meus times nas partidas e ignoro os dos adversarios, assim como as pretensas vitorias deles...
Bom, nada como uma brincadeirinha, pra provocar meus conterrâneos, em dia cinza...
Por falar nisso, quem tera' levado o velho time de Pele' a se apresentar de pijama azulzinho nas partidas? So' pode ser coisa de patrocinador...

domingo, 22 de abril de 2012

O culto a parente...


O culto a parente... A superação dialética de todas as contradições... no cotidiano brasileiro... público e privado...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sobre crer ou não crer


Fui educado na religião católica, em um ambiente ecuménico, talvez mesmo liberal. Minha mãe, muito católica e religiosa. Meu pai cria em Deus e amealhava conhecimentos, ensinamentos de todas as religiões, inclusive orientais, ao mesmo tempo que desconfiava de todos eles e todas elas. Tive educação religiosa rigorosa, mas meu primeiro contato com Darwin e a teoria da evolução se deu quando ainda estava no terceiro ou quarto ano do ensino fundamental, portanto, com 8, 9 anos de idade. Foi por meio de minha professora de religião, que era adepta do darwinismo. Li textos de viagens e autobiograficos de Darwin com aquela idade. Aos meus pais importava apenas que eu tivesse fe' em Deus. O que hoje chamam de criacionismo, como se cientifico fosse, sempre me pareceu um equivoco absoluto, um fanatismo, portanto cego e sem fundamento.


Com isso, aprendi a respeitar o sentimento religioso, a respeitar todas as religiões. Minha educação religiosa incluía a leitura dos textos considerados sagrados, de varias religiões, o que também foi ótimo, pois vejo ai' muita crença e muita critica de gente que nao leu e fala de ouvir dizer.
Fiquei impregnado com um sentimento de amor ao outro, de justiça. Hoje, nao desprezo a religiao, religião alguma. Nao sou religioso, mas preservo minha fe', muito embora com a observação agnóstica e, sobretudo, da ausência de intenção de conversão.
Significa que admito que nao ha' como sustentar a fe' em algum conhecimento. O agnóstico pode crer ou nao, mas sempre manterá uma postura cética, em relação 'a demonstração possível da crença ou descrença. Cética nao quer dizer que nao haja verdade, apenas que nao ha' meio possível de demonstrar a verdade, e' uma suspensão da tentação de dizer e impor a verdade.
A fe' advém dessa experiencia pessoal (e social) com a divindade. Darwin era agnostico ateu, mas sua mulher era extremanente religiosa.
A fe' decorre dessa experiencia. Ela nao sustenta a experiencia, pois sem a experiencia, a fe' seria vazia, apenas uma repetição de ensinamentos, o que nao e' fe'.
Bom, fica indicado o filme Creation, que passou muito brevemente por aqui, sem despertar atenção, muito embora o belíssimo roteiro, a fotografia e a musica de envolverem, fidelidade histórica o quanto possível e desejável no cinema, interpretações maravilhosas do casal Darwin.





quarta-feira, 18 de abril de 2012

Velho discurso


Confesso ter ficado extremamente desapontado com o primeiro discurso do ex-Presidente Lula, recuperando-se de sua doença.
Insistiu no velho tema da desnecessidade de estudo, da desnecessidade dos diplomas e na protecção aos pobres, no entendimento dos pobres.
Muito triste em nosso Pais a desvalorizacao do estudo, do esforço de saber.
Muito triste alguem bater no peito, com orgulho, e dizer que o estudo e o esforço do estudo não são importantes.
E' o circulo vicioso do Brasil de sempre, anti-intelectual.
Ele precisaria dar um exemplo diferente, incentivar 'a boa formação e lamentar que não a tivesse tido.




Jamais fui adepto do penchant weberiano pela autoridade carismática. Acho que devemos julgar e refletir sobre acoes e discursos, sem nos esquecermos que as acoes são mediadas pelos discursos. 

No mais, com ou sem exageros, vamos aprendendo a lidar com a democracia (seus limites, virtudes e vícios). 
A questão esta' em que o ex-presidente sempre necessitou dos intelectuais, pois o saber de um homem que teve apenas o ensino pratico e técnico e' limitado. Ele esteve rodeado de intelectuais. O que ele deveria fazer publicamente seria reconhecer isso. Falar das dificuldades que teve pela ausência de estudo, que um brasileiro como ele poderia ter ido mais longe, que poderia ter ajudado mais, preservando intenções e utilizando-se do saber. 
Poderia ter apanhado um livro, durante um discurso, e mostrado a todos, citando uma ou outra passagem, mesmo para sustentar sua critica aos intelectuais (porque a maior critica aos intelectuais esta' nos textos de outros tantos intelectuais). Essa alavanca continua faltando. 

Se eu crio escolas, ótimo. Mas isso vai depender de eu dizer 'as pessoas para que servem. 

A educação e' uma caracteristica básica do humano. So' ela nos permite refazer, em vários anos de ensino o percurso dos hominídeos. Se a negarmos, destruimos o humano e temos uma sociedade sub-animal (porque o humano perdeu as referencias animais, negou-as pelo acréscimo cultural). 

Se crio universidades, preciso dizer que por meio do que nela aprendermos e ensinarmos e pesquisarmos transformaremos o mundo e negaremos a autoridade dos que nos precederam, inclusive desse eu que criou a universidade. 

Depois de oito anos de governo, e' de se esperar que o Pais esteja melhor e mudar o discurso. 

No mais, continuemos a conversa, o debate, com a paixao de querermos construir um mundo melhor e sempre nos respeitando uns aos outros.

terça-feira, 17 de abril de 2012

O espaço publico da imprensa e os interesses ocultos


Imprensa e interesses privados... ocultos...
Uma discussão necessária, cuja partidarização impede, atrapalha.

Clique para ler artigo de Janio de Freitas

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Uma resposta possivel





Acredito que a resposta deva mesmo ser uma especie de atitude de republica de cidadãs e cidadãos simples, que desfaz da ganancia de tanta gente que assumiu os postos de importância. Criar laços de confiança e fortalecer a amizade, o companheirismo. Ter esperança de que toda essa malvada gente venha a ruir e nao faça ruir a sociedade em que vivemos, a cidade que construímos. De algum modo, nossas atitudes sinceras tem de contar, enfim. 


Video: Sobre permanecer decente como resposta.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Declaração de voto.





Ano eleitoral.
Os candidatos da situação vão aparecer e dizer que fizeram tudo e mais um pouco (a tal ponto que, se verdade fosse, nada mais seria preciso fazer). Mas eles também dirão que farão ainda mais (a tal ponto que o próprio céu se mudaria para a terra, transmudada em paraíso).
Os candidatos de oposição vão, de sua feita, dizer que nada foi feito ou que tudo foi feito errado e que, se eleitos, farão tudo e mais um pouco.
Todos, por obvio, prestarão homenagem e culto 'a deusa economia, naquela velha toada do fazer a lição de casa, dizer que austeridade, disciplina são seus modos habituais.

O modelo, pois, sera' o mesmo.
Finalmente, teremos os candidatos saídos dos livros de folclore, que apelarão para a cultura perdida da população, aquela que anos de repressão e de manipulação da educação fizeram gerar.
Para evitar o gasto do tempo dos candidatos e militantes, vou declarar desde logo meu voto.
Acho importante que todos declarem seu voto. Não existe neutralidade e a declaração de voto ajuda justamente, pela verdade, a construir um espaço publico mais autentico. Quando um órgão de imprensa declara seu voto, deve ser elogiado, pois permite ao publico, 'as leitoras e aos leitores o controle, a fiscalização das opiniões, das noticias. Nos EEUU, isto já ocorre ha' bom tempo. O fato de começar por aqui e' um bom sinal de amadurecimento político.
Muito bem, neste ano, vou votar de novo no Barack Obama.
E não adiante dizer que ele fez isso e não fez aquilo, que os EEUU são isso e não são aquilo.
Os/as amigos/as mais esclarecidos podem dizer que ele e' ou não e' keynesiano, podem, enfim, critica-lo ou não o criticar.
Vou ouvir todo mundo, vou ler todo mundo, mas meu ponto de partida e' esse ai'.
Ah, claro, podem dizer também que a eleição sera' no Brasil, mas o meu voto esta' declarado.

No intimo, no fundo,acho que essa eleição e' a que importa.


E punto fermo.